ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.05.1989.

 


Aos cinco dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Quarta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vicente Dutra, Wilson Santos, Wilton Araújo e Aranha Filho. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Trigésima Terceira Sessão Ordinária e da Sexta Sessão Extraordinária que, juntamente com a Ata da Trigésima Segunda Sessão Ordinária, foram aprovadas. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 07 Pedidos de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. José Valdir, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Luiz Machado, 02 Projetos de Lei do Legislativo nº 40/89 (proc. nº 1235/89); 41/89 (proc. nº 1235/89); pelo Ver. Nelson Castan, 05 Pedidos de Providências; 03 Pedidos de Informações; 01 Indicação; 02 Projetos de Lei do legislativo nºs 38/89 (proc. 1212/89); 39/89 (proc. 1213/89); pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de Providências; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 35/89 (proc. nº 1197/89). Do EXPEDIENTE constaram os ofícios nºs 347/89, do Sr. Prefeito Municipal; s/nº, da Câmara Municipal de Vila Maria, RS. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada o ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 24/89. Ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Moção de Apoio à realização de eleições livres no Paraguai; de Votos de Congratulações com Jofre Botomé, por ter sido homenageado pelo Conselho Regional de Contabilidade, pela passagem do Dia do Contabilista; com a Revista Wonderful, pela passagem de seu aniversário; com Rosane Frigeri, por ter ganho o II Prêmio Setcergs de Jornalismo; com Arnildo Shiltz, por ter recebido o II Prêmio Setcergs de Jornalismo – categoria fotografia; com Olides Canton, por ter recebido o II Prêmio Setcergs de Jornalismo – 2º lugar, categoria reportagem; com Heitor da Gama Ahrends, por sua posse como membro do Tribunal de Ética da OAB; do Ver. Luiz Machado, de Voto de Congratulações com Carlos Giacomazzi, por assumir a Presidência da Metroplan; do Ver. Nelson Castan, de Votos de Congratulações com Carlos Tadeu Viana, por sua recondução ao cargo Diretor-Presidente do Banco Meridional do Brasil; com a SBC Bambas da Orgia, pela eleição da nova Diretoria da entidade; com a Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência, pela chegada ao Sr. Cláudio Bonder, que desempenhará a Função de “chazan” (cantor sacro); do Ver. Vieira da Cunha, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 24/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Pesar pelo falecimento de Augusta Ana Scherrer, este encaminhado à votação pelos Vereadores Leão de Medeiros, Elói Guimarães, Airto Ferronato, Omar Ferri, José Alvarenga, Artur Zanella e Luiz Braz. Também foi aprovado Requerimento do Ver. Mano José, solicitando prorrogação de Licença para Tratamento de Saúde, para os dias seis e sete do corrente mês, permanecendo no exercício da Vereança o Suplente Aranha Filho. Durante a Ordem do Dia, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca da votação do Processo nº 908/89. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Artur Zanella referiu-se ao caso Doge, objeto de pronunciamentos, ontem, na Casa, dizendo entender que tal matéria deveria ser tratada pela Assembléia Legislativo do Estado. Lembrou projeto de lei, de autoria do ex-Vereador Valneri Antunes, através do qual era indicado o nome do cidadão Antônio Clóvis Lima dos Santos para designar um logradouro público, sugerindo ao Ver. Omar Ferri que solicitasse o desarquivamento do respectivo processo, tendo em vista a participação de S. Exª no Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Comentou, ainda, notícia veiculada em jornal da Capital, acerca da tentativa de unificação da EPATUR, SERP e FESC, dizendo entender tal medida como inconstitucional, dada a incompatibilidade de regimes que orientam os respectivos quadros funcionais. O Ver. Wilson Santos discorreu sobre a preocupação de S. Exª. acerca dos Pedidos de Providências encaminhados ao Executivo por esta editalidade; questionou a validade desse instrumento, tendo em vista o não atendimento pelo Poder Executivo; solicitou que esta Casa realize estudos sobre esse mecanismo. O Ver. João Dib reiterou sua preocupação com os gastos desta Casa e da Prefeitura de Porto Alegre. Relatou reunião com as Lideranças do Bairro Humaitá e criticou as Lideranças desta Casa, afirmando que somente duas se fizeram presentes a essa reunião. Relatou, ainda, os problemas daquele bairro. O Ver. Airto Ferronato analisou questões de Direito Tributário, especialmente referente aos créditos extraordinários e da sua destinação; cotejou com procedimento do Executivo Municipal de abertura de crédito extraordinário no valor de cento e cinqüenta mil cruzados sem que, subseqüentemente, fosse encaminhado a este Poder Legislativo. Asseverou, ainda, que o Executivo deve encaminhar aquela abertura de crédito a esta Casa, sob pena de estar incorrendo em crime de responsabilidade. O Ver. Luiz Braz reportou-se ao pronunciamento do Ver. Airto Ferronato, afirmando que o Executivo Municipal já incorreu em crime de responsabilidade no tocante àquela abertura de crédito. E reportando-se ao pronunciamento do Ver. João Dib, de hoje, criticou as idéias de emancipação do Bairro Humaitá e afirmou que os problemas enfrentados por aquele bairro não o atingem com exclusividade, mas a toda a cidade. Afirmou que sua ausência se deu por estar presente a outro compromisso: adesão à campanha do Sr. Leonel Brizola à presidência da República. O Ver. Dilamar Machado, comentando as viagens do Sr. Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto Alegre, contraditou resposta recebida a Pedido de Informações de S. Exª, enfatizando que as viagens daquele Prefeito são muito freqüentes e que a resolução dos problemas da cidade vem sendo protelada. O Ver. Gert Schinke, reportando-se ao pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, afirmou que o Sr. Prefeito e Partido dos Trabalhadores não estão deixando a Cidade abandonada, já que o Vice-Prefeito de Porto Alegre tem tido um papel importante nessa administração. Criticou a onde de violência que vem sofrendo a sociedade civil, especialmente os trabalhadores e líderes sindicais. Analisou atentados acontecidos recentemente no país e citou acidente sofrido pelo Líder dos Seringueiros, Sr. Osmarino. Asseverou que o avanço das forças reacionárias vem gerando intranqüilidade e perturbação no país. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 33, 34, 29, 30/89, este discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Cyro Martini e José Valdir; e Projeto de Lei do Executivo nºs 13/89; em 2ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 03/89; e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/89; e em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 32/89, e Projeto de Resolução nº 05/89. A seguir, o Sr. Presidente anunciou que a reunião da Comissão Especial e Comissão Externa que trata da Constituinte Estadual foi transferida para a próxima quarta-feira. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Elói Guimarães citando e analisando declarações do Ministro do Exército e do General Newton Cruz acerca das ocorrências em Volta, afirmou que a Nação deve alertar-se para o sério e delicado momento que está vivenciando. Instalou que os atos de violência praticados devem ser esclarecidos e os autores responsabilizados, tendo em vista o período de consolidação da democracia vivido pelo país. O Ver. Clóvis Brum reportou-se ao pronunciamento do Ver. Airto Ferronato acerca do Direito Tributário e dos procedimentos do Executivo Municipal; criticou o não cumprimento da Legislação pelo Poder Executivo e asseverou que esse governo deve corrigir tais infrações. O Ver. Dilamar Machado reportou-se ao pronunciamento do Ver. Wilson Santos, acerca do não atendimento pelo Executivo Municipal dos Pedidos de Providências. E alertou, solicitando especial atenção da Comissão de Economia e Defesa do Consumidor desta Casa para os problemas de abastecimento da Cidade, citando a situação do abastecimento de gás, carne e hortifrutigranjeiros. Sugeriu que esta Casa convide os dirigentes dos setores que se encontram paralisados para discutir a questão do abastecimento desses gêneros na Cidade. O Ver. Vieira da Cunha reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. João Dib; afirmou ter sido convidado para uma simples confraternização e não para um debate, argumentou que não se fez presente por estar no Ato formal de adesão dos Vereadores em e Luiz Braz à campanha do Sr. Leonel Brizola à presidência da República. Comentando programa da televisão Guaíba, afirmou ter sido esta Câmara Municipal atacada na sua integridade moral, segundo declarações feitas, sobre a aprovação de Projeto de Lei, de autoria do Ver. Luiz Braz, referente à Vila Juliano Moreira. Salientou que a esse Vereador cabe comparecer ao referido canal de televisão se esclarecer a população sobre o que de fato foi votado. E o Ver. João Motta, analisando a onde de violência que vem ocorrendo no país, as crises de abastecimento e as greves, afirmou estar vivendo o país uma crise estrutural, uma crise do modelo econômico adotado. Salientou, ainda, que é uma crise legada pelo movimento reacionário do ano de mil novecentos e sessenta e quatro. Ainda foi apregoado pela Mesa, a Emenda de autoria do Vereador Leão de Medeiros ao Projeto de Lei do Legislativo nº 22/89. Nada mais havendo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 22/89. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou os trabalhos às doze horas e trinta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Isaac Ainhorn, e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Havendo “quorum” passaremos para a

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0908/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 024/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Marcos Spritzer um logradouro público.

 

Pareceres:

- da CJR. Rel. Ver. Clóvis Brum: pela aprovação;

- da CUTHAB. Rel. Ver. Nelson Castan: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 024/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a Mesa, requerimento de autoria do Ver. Vieira da Cunha, solicitando seja o PLL nº 024/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados.(Pausa.) APROVADO.

Ainda para ser votado Requerimento de autoria do Ver. Leão de Medeiros, solicitando Voto de Pesar pelo falecimento de Augusta Ana Scherer.

Em votação. (Pausa.) Encaminha o autor.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia seguinte em que o povo nas ruas de Porto Alegre realizaram memorável manifestação silenciosa, de protesto, contra violência e a impunidade, movimento que contou e conta com a minha modesta solidariedade, venho a esta tribuna para encaminhar o Voto de Pesar pela morte estúpida, brutal e grosseira de Augusta Ana Scherer, professora de inglês, vítima de violência urbana. Serei breve como breve foi a sua vida, mas nem por isso há de ficar esquecida nos anais desta Casa o meu profundo pesar pela morte dessa jovem. Estamos ainda chocados, estarrecidos e impotentes diante do trágico desaparecimento da Profª Augusta Scherer, de apenas 22 anos. O que se pode dizer aos familiares da vítima desse cruel acontecimento? Basta o consolo mórbido de que esse holocausto é mais um dos que estão acontecendo e ainda vão ocorrer? Dizer que a probabilidade da vida face a incontida violência nesses dias está cada vez menor por obra da marginalidade, da impunidade, de uma Legislação permissiva e da omissão dos órgãos de segurança? Ficar no simplismo de apenas lamentar o fato e concluir displicentemente que a vida é assim mesmo? Não, Srs. Vereadores, é preciso uma mobilização, como a que ontem foi feita, no sentido de lutar pela vida e pelo direito de viver. A morte  de Augusta Scherer não pode ser esquecida. Refletindo em torno do direito de viver, inerente à existência de todo o ser humano, recolho-me em respeitoso silêncio e às minhas homenagens à memória da jovem Augusta Scherer. Minha solidariedade à família enlutada. A luta pela vida deve continuar. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PDT, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é óbvio que todos os encaminhamentos correm no sentido da condenação a um episódio tão brutal como esse e outros que vão-se dando ao longo do tempo. Nós sabemos, todos temos plena consciência das causas profundas desses desajustes sociais que levam à formação de verdadeiros monstros como esse que tomou a vida de alguém, uma moça, uma professora que, saída da escola, era a presa de uma verdadeira fera. Há um entendimento, há uma consciência de que a causa é a violência social, uma sociedade que convive com situações absolutamente extremas como a miséria e a bastança. Então, uma sociedade com estas características, produz tais deformações. Mas, a par da constatação e do conhecimento das causas determinantes de desajustes desta ordem, a sociedade precisa, carece de defesa e, o que assistimos ontem, foi uma manifestação da Cidade de Porto Alegre que expressa a maioria esmagadora dos sentimentos da população, dos sentimentos da nação. Assim, diante da escalada que estamos assistindo, alguns mecanismo a sociedade precisa colocar em prática. Evidentemente que não podemos mais conviver com uma sociedade com tamanha desigualdades. É questão fundamental! É preciso investir e eliminar as fontes geradoras desse desajuste. Agora, a bem da verdade também, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós não podemos continuar de braços cruzados assistindo tais brutalidades. Então, a sociedade, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que não pode descansar enquanto não resolver as causas determinantes de desajustes desta ordem, a sociedade precisa, sim, ter alguns mecanismos para aplacar essa violência.

Não vejo outro, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não defendo a pena de morte, mas, a sociedade precisa ter algum mecanismo. Uma coisa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não se pode tirar da sociedade, da população que é assegurar-se a essa sociedade a legítima defesa. Eu diria até, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a sociedade assiste ao direito de desforra diante de tamanha brutalidade.

Então a vingança, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a vingança popular, a vingança social diante de tamanha brutalidade não pode ser absolutamente tirada da vontade social, até, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que se consiga eliminar as causas que todos sabemos e conhecemos que geram essa profunda anomalia no contexto social. Agora, assegure-se o direito à vingança popular, o direito à vingança social. Me parece, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que é o mínimo que se pode assegurar a uma sociedade profundamente agredida.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PMDB o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PMDB desta Casa não poderia deixar de se manifestar neste momento e dizer que se junta a dor da família de Augusta Ana Scherer, juntamente com o PL do Ver. Wilson Santos, neste trágico e lamentável crime ocorrido recentemente.

Estamos, portanto, ao lado da família neste momento.

Diríamos que, efetivamente, a situação social por que passa a Nação Brasileira é basicamente a causa destes graves problemas que têm ocorrido.

É notória a escalada de violência neste Estado e nesta Capital, e nós Vereadores, representantes deste povo, não podemos ficar à margem deste processo e não podemos deixar de nos preocupar e buscar soluções para no mínimo minimizar este grave problema.

Por outro lado, acreditamos também que chegou a hora de os governos, em todos os níveis, buscar soluções para este problema. E entendemos nós que soluções devem ser buscadas, concretamente, em termos, dentre outras coisas, de aportes de recursos financeiros à segurança pública, além de se preocupar com as graves desigualdades sociais em que se encontra o nosso povo. Era isto.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, pelo PSB.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Leão de Medeiros apresenta a esta Plenário um voto de Pesar, pelo desaparecimento da Professora Augusta Ana Scherer. E justifica dizendo que a Casa se sente estarrecida e chocada, não só com o trágico desaparecimento desta professora como também pela violência que campeia à solta por esta Cidade.

O PSB considera que realmente a segurança pública, ou a segurança individual, ou a segurança social, ou a segurança da coletividade de Porto Alegre é um problema que diz respeito a todos nós, a todas as instituições, através de todos os seus órgãos destinados que tem por finalidade trazer segurança, paz e tranqüilidade social. Não se sabe bem por quê, e acho que numa simples justificativa de um Voto de Pesar não existem condições para se fazer uma análise profunda de todas as causas que dão origem a esta inusitada violência, que, conforme disse o Ver. Leão de Medeiros, nos estarrece. Mas está evidente que já passamos a um grau de paranóia vivencial tal é o desespero de todos nós com relação à segurança pública.

E os governos se sucedem e a Segurança Pública, em vez de minorar a violência, (...) e perplexa assiste impassível seu recrudescimento. Não sei o que se poderia fazer, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu só sei uma coisa, é que nós, em caráter individual, não conseguiremos fazer nada. A segurança pública está acima da nossa individualidade e dos nossos partidos também. É por isso que o PSB não poderia deixar passar essa oportunidade para trazer a sua solidariedade a este Voto de Pesar apresentado pelo Nobre Vereador componente do Partido Social Democrático. Também o PSB está muito preocupado, também o PSB está estarrecido, também o PSB não encontra justificativas por toda essa tessitura social de violência, porque várias são as causas. Também o PSB não encontra soluções à vista para este nosso problema.

Então, nos parece que à medida que os dias passam a violência se alargará de tal forma que tomará conta de todos nós e transformará o País e o Estado num País e Estado de bandistismo selvagem pelo terror que se dissemina em nossas cidades. Vamos pelo menos apelar – tendo um pouquinho de esperança – ao Governo do Estado, através de seus órgãos de segurança, para que, em caráter imediato, tome todas as providências a seu alcance o mais imediato possível, para debelar, ou, pelo menos, para minorar a violência que, insolitamente, brota em todos os cantos do nosso torrão. A minha solidariedade do PSB ao voto de Pesar apresentado pelo Ver. Leão de Medeiros. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PT, Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, do Partido dos Trabalhadores, também nos solidarizamos com o Voto de Pesar e eu, especialmente, por ser professor e vivenciar uma parte da violência urbana, porque a violência urbana tem diversas facetas. Há pouco vimos a violência que se estabeleceu em Volta Redonda. Esta é um tipo de violência que é muito comum as escolas, principalmente nas públicas do Estado. Nessas idas e vindas à Secretaria de Educação, às Delegacias de Ensino da capital, uma das reivindicações que sempre está na pauta é a segurança nas escolas. Na minha Escola, Santa Rosa, é um exemplo disto que, por diversas vezes, professores e alunos foram assaltados dentro da escola e não tem um mínimo de segurança, principalmente nos cursos noturnos das escolas públicas. Esta é um das reivindicações que sempre se faz ao Governo do Estado e que não é atendida sob a alegação de que não há como colocar policial na porta das escolas. No entanto, quando a gente faz qualquer manifestação, nas escolas e na frente do Palácio, a gente vê que tem um enorme contingente de força policial. No entanto, nas nossas escolas nós estamos enfrentando, hoje, um sério problema de segurança e que é preciso tomar providências urgentes sob pena de se agravar e os professores não terem mais condições de trabalho nestas escolas públicas do Estado. É por isso que eu quero me solidarizar com o Voto de Pesar e aproveitar a oportunidade para colocar que, de fato, este é um problema seríssimo que estamos enfrentando em toda a sociedade e nas escolas públicas: a falta de segurança. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella encaminha pelo PFL.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós devemos discutir mais amplamente esta questão, porque eu tenho aqui um recorte de Jornal em que a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Rio Grande do Sul, quer que Simon acabe com grupo de elite da PM gaúcha. Então, a OAB do Rio Grande do Sul solicitou a extinção do Comando Tático da Brigada Militar para operações anti-seqüestros, anti guerrilhas e anti terrorismo. Esta seção da Brigada Militar, diz aqui a reportagem do Jornal do Brasil, em poucos meses de atuação, o grupo já salvou 23 pessoas e prendeu 26 criminosos e a OAB quer acabar com este grupo. A ainda mais, Sr. Presidente, além de acabar com o grupo, a OAB quer também a punição das autoridades responsáveis pela criação do comando.

Então, neste encaminhamento, já que aqui todos foram favoráveis ao controle maior, eu coloco esta notícia de que a Ordem dos Advogados do Brasil quer exatamente a extinção de uma equipe criada para tentar evitar estes seqüestros e se o seqüestro ocorreu, minimizar suas conseqüências e que diz aqui já salvou 23 pessoas e prendeu 26 criminosos. Então, eu sou favorável a permanência deste grupo da Brigada Militar e contra a punição dos Comandos da Brigada Militar que o criaram. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PTB o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Voto de Pesar em função do assassinato da Profª Ana Scherer, pedido pelo Ver. Leão de Medeiros, vem oportunamente, porque já foi falado aqui, neste Plenário – e é muito bom que se dê seqüência – sobre o problema da insegurança, pelo qual a nossa sociedade passa e do qual a professora foi uma das vítimas. Inclusive, Delegado Leão de Medeiros, isto faz ressuscitar a discussão sobre a pena de morte, porque eu acredito que, neste exato instante, quando o Deputado Amaral Neto envida esforços, no sentido de aprovar a pena de morte no Brasil, é muito importante que estes atos, estes acontecimentos, venham subsidiar esta tentativa do Deputado Amaral Neto, não, é claro, com caráter, assim, final, mas fazendo com que haja a possibilidade de uma reflexão maior a respeito da realidade brasileira. Nós temos várias causas – e a principal delas, no meu entender, é a causa econômica – que fazem com que a sociedade tenda para um estágio de violência ampliada. E esta violência, muitas vezes, quando ela se instala em indivíduos sem um grau de evolução maior, pode-se transformar em um elemento de criminalidade, como foi o caso da Professora Ana Scherer. Eu sou da opinião de que, enquanto não tivermos instituído, no País, condições melhores para que a nossa sociedade possa conviver com mais tranqüilidade, possa sobreviver com mais tranqüilidade, dificilmente nós vamos conter a violência que está esparramada por todo o País, e vamos ser obrigados a ter a insatisfação de ler no jornais, e, algumas vezes, sentir em nossa própria carne, problemas como estes ocorridos com a Professora. Acho que a correção das causas não impede que haja uma punição muito severa nos efeitos que estão fazendo com que toda a sociedade sofra, e sofre bastante. Sou favorável à instituição da pena de morte, neste momento em que passamos na vida brasileira, acho que ela tem que ser temporária, até que possamos sanar os problemas de causa, mas sou favorável que, muito mais do que a instituição da pena de morte, como também é o que deseja o Deputado Amaral Neto, que tenhamos a possibilidade de conscientizar toa a nossa população da necessidade de se fazer uma política social humana, que o Governo Federal dê essa oportunidade, essa possibilidade, muito embora só acredito que isso aconteça logo após as eleições que terão lugar no final do ano; esse Governo, e não só este, mas os Governos anteriores, têm se mostrado incompetentes, impotentes e desinteligentes para sugerir medidas e colocá-las em prática, que possam fazer com que essa crescente violência pudesse ser estabilizada, pois ela cresce à medida em que cresce a miséria em nosso País. Por isso, nós somos responsáveis, e isso que aconteceu com a Professora, cada um de nós, como parte integrantes da sociedade, temos um pouco de culpa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Informo ao Plenário que, logo após esta reunião Plenária, faremos uma reunião da Comissão Externa, e também com as lideranças, referentes à Constituição da Comissão Externa já construída para alguns debates referentes à Constituinte.

Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Mano José, solicitando prorrogação de Licença para tratamento de saúde, para os dias 06 e 07 do corrente mês.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Informo que permanece no exercício da Vereança o Suplente Aranha Filho.

Em tempo de Liderança, com a palavra, o Ver. Artur Zanella. V. Exª tem cinco minutos sem apartes.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois assuntos: um sobre o caso Dodge, que ontem se transformou na grande atração aqui na Sessão e outro sobre uma notícia que li sobre a unificação de diversos serviços na Prefeitura.

Eu creio que o assunto do caso Dodge deveria ser tratado em âmbito estadual, mas já que foi tratado aqui, acho que deve ser ampliado. Tenho aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Projeto de Lei do ex-Ver. Valneri Antunes que dá à rua o nome de Antônio Clóvis Lima dos Santos que é o Dodge, porque de acordo com o que ouvimos ontem, faleceu antes de ser julgado ou coisa assim. Não estou muito a par do assunto. Sugiro ao Ver. Omar Ferri, que é quem trouxe o assunto aqui, quem sabe desarquive o Projeto de Lei dando o nome a uma rua com o nome do Dodge e a Casa então terá então melhores condições de discutir o assunto e quem sabe homenageá-lo. Aviso que eu não voto contra nenhuma homenagem, nenhuma Sessão Solene e, evidentemente, não votarei contra este Projeto de Lei do saudoso Ver. Valneri Antunes. Mas, é uma sugestão para que as dúvidas que ficaram ontem daquele debate, pois foram 25 minutos de discurso do Ver. Omar Ferri e mais 2 minutos do Ver. em, total meia hora, com grande destaque hoje na imprensa será discutido mais o assunto e quem sabe, sugiro ao Ver. Omar Ferri a desarquive este Projeto de Lei dando o nome ao senhor, repito, Antônio Clóvis dos Santos.

O segundo assunto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores refere-se a uma notícia que saiu no jornal dizendo que o Executivo Municipal pretende unificar a EPATUR, o SERP – antigo DERP; hoje SERP e a FESC. É uma idéia que aparece nos jornais e depois some, porque é absolutamente inviável, ilegal e inconstitucional, mas como a ameaça vem de novo, digo que ela é ilegal porque o SERP (o antigo DERP) é da Administração Centralizada, logo, os seus funcionários são estáveis após dois anos de atuação no Município. Os funcionários da FESC, por serem de Fundações, foram tornados estáveis pela Constituição, os que tem cinco anos de exercício. E os funcionários da EPATUR são CLT, logo, para os funcionários da EPATUR se integrarem a estes outros dois serviços citados, é necessário que duas coisas ocorram de forma excludente, uma delas é que os funcionários da EPATUR entrem no Município sem concurso público, e isto é vedado pela Constituição, a outra é uma extinção ou coisa que o valha da FESC, com as pessoas agora não mais perdendo a sua condição de efetivados pela Constituição. Então, alertando já os funcionários da FESC, que novamente se trama a destruição daquela Fundação, que se trama novamente a extinção de um órgão que funciona bem nessa Cidade. E um das coisas mais interessantes que eu vejo aqui em Porto Alegre; é quando um órgão funciona bem e por isso não aparece nas manchetes, não aparece nos jornais, por funcionar bem, então ameaça de extinção, que é o caso específico da FESC. E os da EPATUR, se esta notícia é verdadeira, lembrem-se que seus funcionários são CLT, que não podem entrar na Administração Centralizada, porque a Constituição nova impede que qualquer funcionário entre no Serviço público sem Concurso Público. Então esta é uma alerta, é uma lembrança dos nossos Representantes do PT aqui hoje, estão reduzidos, estamos só com dois (estão se identificando os sete outros), mas que levem ao Sr. Prefeito Municipal essa preocupação a essa lembrança, e essa notícia por favor, lancem outra porque essa não vai pegar. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Liderança com o Partido Liberal, Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu estou bem preocupado com o mecanismo à disposição dos Vereadores para cumprir uma particularidade de sua missão nesta Casa, qual seja, o Pedido de Providências. Estou totalmente desiludido com esta prática, chamo a atenção da Casa para que nos conscientizemos se há a importância de continuar praticando Pedido de Providências, assinando Pedido de Providências, quando eles são inócuos, totalmente inócuos e nós passamos a fazer um papel que eu tenho dificuldade até em conceituá-lo. E vou citar um Pedido de Providências na rua em que eu moro. É evidente que peço uma análise e isto aqui respinga no final da administração Collares – não quero aqui fazer nenhum julgamento nem absolver – mas, em novembro do ano passado foram feitos na rua em que eu moro, na João Dane, 4 consertos pelo DMAE, e depois houve uma luta muito grande para que a SMOV viesse completar o estrago que o DMAE havia feito, foi só feito o aterro e não foi resposta a calçada. Ocorre que como foi um lapso pequeno de tempo extinguiu-se a gestão Collares – não quero aqui absolver, mas extinguiu -, e entrou a administração da Frente Popular. Aí este Vereador foi eleito; e aí se estabelece uma nova contextura: Wilson Santos, Vereador de Porto Alegre, morador da Rua João Dane, fez um Pedido de Providências ao Executivo Municipal. E mais, no Pedido de Providências eu inclusive coloquei ao Executivo, dizendo que no dia 4 de janeiro, em telefonema que fiz ao chefe de gabinete da SMOV, Sr. Paulo, ele prometeu providenciar urgente. O Pedido de Providências que eu assinei e que está aqui, do dia 19 de janeiro, até hoje não foi sequer contestado. Como se não bastasse isso, uma moradora da rua me entregou um pedido que ela fez, dentro do mesmo contexto, que o Prefeito Olívio Dutra, em 30 de março, responde. Quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores de que não estou com ciúmes da minha vizinha, só que ela recebeu uma carta, onde diz: “A Secretaria Municipal de Obras e Viação nos informou, no momento, que não possui o material necessário para atender à sua solicitação, mas anotou na sua programação”. De qualquer maneira, me preocupa essa impossibilidade de atendimento a um pedido, e eu quero fazer canal, à Bancada do PT nesta Casa, deste ofício que estou dirigindo ao Prefeito, onde colocou: “Pelo presente, solicitamos a V. Exª providências no sentido de ser atendido o Pedido de Providência nº 153/89. Recorremos diretamente a V. Exª pela gravidade com que se reveste o caso. Caracteriza-se um descrédito total e absoluto ao Poder Público, Executivo e Legislativo. Na referida rua existe a residência de um Vereador. são três meses de pedido na gestão anterior e 120 dias de espera na Administração da Frente Popular e, até agora, nada”. Este é o texto principal do ofício que estou endereçando ao Prefeito e quero entregá-lo, se me for permitido, à Bancada do PT. E, para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero que esta Casa faça um profunda reflexão, porque acredito que nós poderíamos terminar com o Pedidos de Providências, pois continuando com eles, o Vereador assinando-os, e eles não teremos a menor conseqüência, eu acredito que é, no mínimo, um desrespeito e uma invalidade dessa prática atribuída como valorosa para o Vereador e que, no entanto, não tem o mínimo valor e que deve ser rasgado e jogado no lixo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho, reiteradas vezes, vindo a esta tribuna e não tenho sido, às vezes, bem entendido na minha preocupação com esta Casa, com os problemas desta Casa, com os problemas do Município e com as soluções que podemos adiantar. Tenho dito que a Câmara Municipal custa 6% do orçamento da Prefeitura e que temos excessivo número de Lideranças. – o Ver. Wilson Santos saiu e é capaz de pensar que estou reclamando da Liderança dele. Ontem, tivemos uma reunião em que a Casa foi convidada. Eu havia dito que Bancada de um só é difícil de explicar, porque o dicionário diz que Bancada é mais de um. Ontem, tínhamos um convite para as Lideranças desta Casa e entendo que as Lideranças não podiam ter faltado. Apenas duas Bancadas se fizeram presentes: a Bancada do PFL, através do Ver. Zanella e a do PDS, através deste Vereador, sendo que o Sr. Presidente se fez representar pelo eminente Vereador Elói Guimarães. Vejam, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que esta reunião era com as lideranças do bairro Humaitá que, no ano passado, ocupou colunas de jornais, minutos de rádio e televisão em razão da sua vontade de emancipação da Capital. Houve atrito entre o Prefeito Collares e as lideranças do bairro, atritos que foram além dos limites e, ontem, as nove Lideranças da Casa estavam reduzidas a apenas duas. Eles nos diziam que arrecadavam mais de 30 ou 40% dos impostos de IM que esta Casa tem no seu orçamento. Ora, estavam presentes só dois Líderes, era necessário que estivessem nove. Eles colocaram seus problemas: alagamentos, duplicação da A. J. Renner, o problema das subabitações e o prolongamento da rua Dona Teodora. O prolongamento da rua Dona Teodora até não sei por que não aconteceu pois nós deixamos inclusive com recursos para que isso ocorresse, na administração que encerrei em 1º de janeiro de 1986.

Os alagamentos se resolveriam se o BNH tivesse dado recurso ao DEMHAB para que a Vila Farrapos pudesse ser urbanizada convenientemente, já que o BNH é o grande responsável, no meu entendimento, e, nenhuma administração municipal tem culpa, o grande responsável é o BNH que ali implantou, pioneiramente, uma vila sem que tivesse p acordo da Prefeitura, tanto que só, quase 20 anos após é que a Prefeitura regularizou por lei, mas, sabendo que as condições não eram as ideais e que o BNH teria que dar recursos.

A duplicação da Av. A. J. Renner até esbarra em má vontade da COHAB em doar ao Município as áreas e hoje estão elas lotadas de subabitações e, os problemas estão aí. Mas, os 6% que nós gastamos aqui na Câmara representam o DEP, a Secretaria do Governo e a Secretaria Municipal dos Transportes, talvez se nós conseguíssemos economizar um pouquinho, nós pudéssemos dar ao DEP um pouco mais de recursos para que ele terminasse com os alagamentos de uma área do Município que já quis se emancipar e que ontem, no meu entendimento, foi desconsiderado por esta Casa, nós deveríamos estar lá 9 líderes, estávamos apenas 2 e o Presidente representado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, todos nós sabemos que a previsão da receita e a fixação de despesa deve ser incluída no orçamento anual que nada mais é, do que em síntese, o plano anual da arrecadação do emprego dos recursos públicos. Todavia, fatos e necessidades subseqüentes impõem a aplicação de novos recursos em obras e encargos não previstos na dotação orçamentária. Torna-se imperiosa, então, a abertura de novos créditos. E a isto denominamos créditos adicionais. Os créditos adicionais são autorizações posteriores à aprovação do orçamento, para autorizar despesas insuficientemente dotadas ou não imputadas no Orçamento.

Nós temos créditos adicionais suplementares, especiais e extraordinários. Créditos suplementares são aqueles que complementam, ou seja, que aumentam dotações anteriormente previstas, porém, insuficientes. Os créditos especiais são aqueles que criam despesa não prevista no Orçamento.

E por outro lado, os créditos especiais extraordinários têm a função de dotar recursos orçamentários para casos de calamidade pública, de guerra, casos imprevistos, urgentes e fortuitos.

De um lado, os créditos suplementares e especiais são autorizados por lei, e abertos por decreto. Isto significa dizer que para esses dois créditos temos, primeiro a autorização do Poder Legislativo, e depois, por decreto, e Poder Executivo abre esses créditos já autorizados pelo Legislativo.

De outra parte, créditos extraordinários, por se tratar de circunstâncias urgentes imprevistas, há uma exceção constitucional inclusive, que diz o seguinte: que os créditos extraordinários são abertos pelo Poder Executivo e o Poder Executivo dá imediato conhecimento ao Poder Legislativo que o aprova. Se lermos o art. 166 da constituição vamos ver que temos, basicamente, que os projetos de lei, relativos a plano plurianual, as diretrizes orçamentárias, a Orçamento anual e a créditos adicionais são avaliados, analisados, e aprovados pelo Poder Legislativo, devem ter a manifestação do Poder Legislativo. Cumpre a Câmara, conhecedora da emergência, julgar a ação do Prefeito quando este abrir créditos extraordinários, zelando, inclusive, para evitar excessos. Cabem algumas considerações, também, a esses créditos extraordinários que apresentam basicamente as seguintes características: 1º Independem de recursos para sua abertura, porque nós sabemos que os créditos especiais e suplementares dependem da existência de recursos para que se abram esses créditos. Os créditos extraordinários também independem na sua execução, de empenho prévio. Não podemos ser abertos sem que antes o Executivo tenha decretado, com exposição justificativa, estado de calamidade. Não podem ser empregados em outro tipo de despesa. Faço essa pequena digressão para dizer que o Sr. Prefeito Municipal, baseado em decreto de calamidade pública, abriu créditos extraordinários no valor de 150 mil cruzados, para atender a essas despesas com intervenção.

Sem avaliar a intervenção no seu mérito, porque entendo em que todos têm culpa no cartório, porque assim como alguns empresários, efetivamente apresentam as suas falhas acredito que da forma como foi feita a intervenção foi um pouco precipitada na minha forma de pensar. Eu clamo ao Executivo para que encaminhe imediatamente a esta Casa, com uma justificativa e para avaliação a abertura desse crédito extraordinário, porque, no meu entendimento, se não fizer isto, o Executivo incorre em crime de responsabilidade.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, disse muito bem o Vereador-Presidente da Casa, em aparte anti-regimental ao Ver. Airto Ferronato que o Executivo Municipal já incorreu em crime de responsabilidade. Ele não vai incorrer, ele já incorreu.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu não vim à tribuna para falar exatamente sobre este assunto que discorreu da tribuna o Ver. Airto Ferronato, de muito importância real, mas que vou deixar para abordá-lo em outra oportunidade. Vou falar sobre o assunto que o Ver. João Dib trouxe a esta Casa sobre a reunião convocada para ontem pelos empresários do Bairro Humaitá, na Churrascaria Nova Bréscia, para discutir os assuntos relativos àquela comunidade – mais a comunidade específica de empresários – Digo a V. Exª, Ver. João Dib, que nós tínhamos realmente muita vontade de lá comparecer e só não estivemos presentes, ontem, lá, por estarmos tratando, exatamente naquele momento, de um assunto que nós também julgávamos ser muito importante, porque, afinal de contas, é um assunto que diz respeito aos destinos, não apenas do bairro, de uma Cidade, mas de todo o País. Estávamos, naquele momento no comitê do Dr. Guaragna nos integrando da campanha de Brizola para Presidente da República e digo a V. Exª, Ver. João Dib, que a Câmara do Ver. Artur Zanella, a liderança do Ver. Elói Guimarães são lideranças representativas. Eu não vejo por que os empresários ficaram irritados com a não-presença dos outros Líderes. Se não irritados, ficaram tristes. O que V. Exª trouxe de relato, aqui, para esta Casa, foi ouvido por todos aqueles que aqui estão. Nós sabemos dos problemas que existem no Bairro Humaitá. Ouvi, inclusive, de um técnico especializado naquela área, e V. Exª conhece muito bem esta Cidade, que os problemas da Vila Farrapos não se resolvem com facilidade. Este técnico afirmava, numa reunião que fazíamos lá naquela comunidade,  que seria mais fácil desmanchar toda aquela Vila e construir em outro lugar. Ficaria bem mais barato, porque são problemas praticamente insanáveis por causa do local onde a Vila foi construída. Este é um problemas de responsabilidade dos Governos anteriores, do Governo que implantou aquela Vila naquele local. Nós todos sabemos que o que está acontecendo é que toda a Cidade está pedindo providências do DEP, providências da SMOV, porque falta iluminação pública, falta atendimento na área do esgoto pluvial, em toda parte desta Cidade.

Na Vila Intercap, na Rua Guerreiro Lima, o estouro de um cano de esgoto pluvial fez com que um muro de uma garagem desabasse. Na Casa, onde aconteceu este incidente, as pessoas chamaram o DEP várias e várias vezes. O DEP lá compareceu, fez um meio conserto e para tapar o buraco usaram terra misturada com capim. Na primeira chuva que veio levou a terra embora. O serviço que foi feito foi muito mal feito. O buraco aumentou de proporção e o muro que havia nos limites do buraco aberto pelo DEP acabou ruindo. Não só o Bairro Humaitá, como os outros Bairros da Cidade, pedem providências. Nós sabemos muito bem que os empresários do Bairro Humaitá, várias vezes, pediram providências a esta Casa e esta Casa sempre esteve junto com aqueles empresários, no sentido de solicitar providências para melhorar as condições daquele Bairro. Mas, também, Ver. João Dib, tem o outro lado da moeda. Aqueles empresários ali estão, e conseguem um faturamento razoável na Cidade, também por condições que o Município colocou lá. E o Município colocou estas condições, usando recursos de toda a comunidade, de toda a Cidade. É por isto que nós, no ano passado, quando se deu aquele processo de desligamento do Bairro Humaitá do restante da Cidade, nós achávamos indevido o processo, indevida aquela ação por parte dos empresários. Afinal de contas, tudo aquilo que possibilitou aos empresários colocarem as suas empresas lá, e progredirem com as mesmas, esteve vinculado a recursos retirados de toda a população, de toda a Cidade. Então, no momento em que as empresas têm condições de algum tipo de faturamento, todos aqueles recursos colocados pelo restante da Cidade são deixados de lado, a eles não interessa mais. Se não investirem mais no Bairro Humaitá, aí o negócio é realmente se desligar de Porto Alegre e formar ali um novo Município. É claro que nós devemos dar atenção, é claro que houve uma falha de minha parte e de outros convidados ao não comparecermos ontem lá, mas eu tenho certeza absoluta de que, como eu estive impedido de comparecer, porque estava em outro ato também muito importante, outras lideranças desta Casa também tinham suas ocupações no momento e, por isto, não puderam comparecer a esta convocação feita pelos empresários na Churrascarias Nova Bréscia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, pela Liderança do PDT, o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou ler uma declaração, feita recentemente pelo Prefeito Olívio Dutra, a um jornal alternativo desta Cidade, “Jornal do Menino Deus”:

“Olívio: Nós não fomos eleitos para eleger Presidente da República. Temos de fazer o melhor pela população e não pelo candidato à Presidência da República. Fomos eleitos para trabalhar pela população de Porto Alegre, vamos trabalhar com os recursos que temos e com nossa criatividade, buscando sermos melhores, eficientes, sérios e austeros”.

Esta declaração foi feita, recentemente, pelo Prefeito, quando lhe perguntaram sobre a sua vocação para Marco Pólo, o maior viajante da história da humanidade. Pois, preocupado também com o número de viagens do Prefeito, encaminhei um Pedido de Informações para saber se quando S. Exª se ausenta de Porto Alegre, agora completando 35 dias de ausência, durante sua administração de 120 dias, e exatamente para tratar da eleição, ou da tentativa de eleição de seu candidato à Presidência da República, em São Paulo, recebo as seguintes informações, e digo, antecipadamente que não considero que o Prefeito esteja ganhando muito, pois não é da minha formação julgar o que os outros ganham, pois cada um ganha de acordo com a sua capacidade, sem o cargo que ocupa e com os votos que recebe. Ofício encaminhado pelo Prefeito Olívio Dutra, a este Vereador, declara que, no mês me abril, S. Exª recebeu o total de NCZ$ 5.380, 17, é a soma do subsídio mais a verba de representação que recebe pelo cargo. “No mês de abril,como Prefeito, deverei receber NCz$ 1.793,39, a título de verba de representação, e NC$ 3.586,78, como subsídio, totalizando NCz$ 5.380,17” É o que ganha o nosso Prefeito e, naturalmente, em maio haverá um acréscimo em função da vinculação dos subsídios do Prefeito ao dos funcionários do Município. E o Vice-Prefeito Tarso Genro? Eu não sei se deste valor já estão descontados os 20% que o Prefeito anunciou, acho que ele anunciou, mas esqueceu de descontar, sendo um lance puramente cinematográfico para efeito na imprensa.

 

O Sr. João Motta: Não é verdade!

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Como não é verdade se o Prefeito assina um documento dizendo que recebeu NCz$ 5.380,00...Ah! não é verdade dos 20%. O Vice-Prefeito, em igual período, recebeu NCz$ 1.195,59, a título de representação, mais NCz$ 2.391,59, ficando em NCz$ 3.587,18 em abril, o que, aliás, coincide com os subsídios dos Vereadores de Porto Alegre, é o mesmo subsídio do Vereador Tarso Genro ganha o que nós ganhamos e o Prefeito 5.380. Nas viagens do Chefe do Executivo, o Vice-Prefeito permanece recebendo subsídio e a verba de representação do seu cargo, sem qualquer adicional. Então, não foi respondida uma questão formulada por este Vereador e o silêncio ou a ausência de resposta leva à conclusão de que efetivamente o Prefeito não é descontado dos seus subsídios quando ele viaja para tratar de assuntos, partidários, conseqüentemente, suas viagens não são feitas sem ônus para a Municipalidade, é com ônus, ele continua ganhando. Agora, é um primor o parágrafo 3, da resposta do Prefeito Olívio Dutra: Lê: “Nos períodos em que me afastei do município, ocorreram sempre nos fins-de-semana e nunca por período superior a 3 dias”. É só examinar as licenças. O Prefeito normalmente se ausenta às quintas-feiras, volta segunda ou na sexta, volta segunda. Ainda ontem aprovamos uma licença de 6 dias. E o que é mais importante, fiquei sabendo, hoje, que o Prefeito que se ausentou de Porto Alegre a partir de ontem, até terça-feira, para uma prolongada reunião partidária, retorna amanhã à Porto Alegre, de avião, é claro. Ele vem votar no diretório metropolitano do PT e retorna novamente a São Paulo, são quatro viagens. É um Marco Polo. O homem tem uma paixão profunda por poltrona de avião. Voou ontem, volta amanhã, vai depois de amanhã, volta terça-feira e Porto Alegre está aí. Agora, vou afirmar: não considere que seja subsídio muito alto, até porque fiquei sabendo, Srs. Vereadores, que quando se faz uma campanha nacional orquestrada, contra os fundos, subsídios dos Vereadores, prefeitos, e o Prefeito de Esteio que ganha mil e poucos cruzados por mês já foi alvo de uma ação judicial, para não ganhar mais, tem que congelar o seu salário. O diretor da Rede Globo de Televisão, o Sr. Boni, cujo nome civil é José Bonifácio não sei de quê, mas é o braço direito do Sr. Roberto Marinho, recebe salário de 260 mil cruzados novos. Este é o país em que vivemos. E este tipo de empresa que paga a um diretor 260 mil cruzados novos de salários é que orquestra, através do Brasil, toda campanha contra o que ganham os homens públicos. Eu não condeno o que ganha o prefeito, condeno o fato de abandonar Porto Alegre e ao mesmo tempo declarar que não pode fazer campanha para Presidente porque tem que trabalhar pela Cidade, mas não trabalha. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Com a palavra, o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, queremos colocar, aqui, a nossa preocupação em relação ao colega que nos antecedeu, dizendo que certamente vamos tentar averiguar, profundamente, as afirmações aqui colocadas no que toca aos pedidos de viagens que são feitos sem ônus para Prefeitura, o que certamente é possível fazer em tempo muito rápido e nós daremos no devido tempo a resposta, porque nós não consideramos que se pode tratar com o descaso como está se tratando aqui as viagens realizadas pelo Prefeito e nós consideramos que todas elas se justificam mesmo que para fins de tratativas partidárias, na medida em que todos nós temos envolvimento partidários. E há, neste sentido, a devida preocupação do nosso Partido em não deixar a Cidade jogada as traças, como freqüentemente aqui é colocado. Não consideramos que a presença do Prefeito seja tão fundamental em todos os momentos na medida em que ele pode ser substituído pelo seu Vice-Prefeito. Consideramos que o Vice-Prefeito tem um papel importante a cumprir.

Mas a nossa manifestação hoje, na tribuna, ocupando o tempo de Liderança, se dá em função de uma denúncia muito grave que queremos colocar em relação a várias manifestações que já fizemos aqui da tribuna sobre o clima de terror e o clima de intranqüilidade que as forças reacionárias deste País estão começando a desenvolver. Vamos ter aqui em Porto Alegre a presença de um companheiros que para nós é muito importante e muito querido que é o companheiro Osmarino Amâncio Rodrigues, é Diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, e Secretário do Conselho Nacional dos Seringueiros, Companheiro Osmarino é tido como sucessor político do nosso companheiro Chico Mendes assassinado brutalmente pelas forças da reação no campo, atrás das quais está a UDR. Este crime até hoje nunca foi esclarecido, e é a quinta vez que o companheiro Osmarino sofre atentado. Foi denunciado, ontem, através de uma reportagem na “Folha de São Paulo”, que está aqui, em detalhes, o atentado ao estilo daquele que foi praticado contra o ex-Prefeito falecido Juarez Antunes, do PDT de Volta Redonda, que até hoje também não foi esclarecido, o companheiro Juarez Antunes, do PDT, foi vítima no nosso entendimento de um atentado político que causou a sua morte com acidente de trânsito, que até hoje nunca foi esclarecido. Para nós esse acidente de trânsito não foi nada mais, nada menos que um atentado político. Essa que é a verdade, e é a quinta vez que o companheiro Osmarino sofre um atentado e dessa vez naquele mesmo estilo, fechado por um caminhão em plena estrada quando estava conduzindo o seu automóvel, e ele denunciou isso para o Secretário de Segurança lá do Acre, para o Sr. Lourival Marques de Oliveira, e o Secretário, Sr. Lourival Marques disse à reportagem da “Folha” – estão aqui, palavras textuais dele que o Osmarino quer fazer um carnaval. E anunciou a sua decisão de negar o descaso, a negligência com que são tratadas essas questões neste País. Isso tudo está envolvido num grande avanço reacionário deste País para provocar um clima de intranqüilidade em função das eleições que se aproximam. Não é só o caso dos atentados, vários, a Osmarino. É o caso dos atentados, também recentemente, ao Monumento de Volta Redonda sobre os quais o Gen. Newton Cruz diz que concorda e aplaude a atitude daqueles que fizeram aquele atentado. Estas coisas, no nosso entender, se revestem do maior significado; As autoridades policiais têm que tomas providências e nós vamos nos calar aqui diante destes atentados que são efetuados contra as nossas lideranças populares, lideranças sindicais e dos movimentos que avançam para transformar decisivamente este País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): A seguir, passaremos para a

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1132/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 033/89, de autoria do Ver. Dilamar Machado, que institui o 3º turno de atendimento em unidades sanitárias da Secretaria Municipal da Saúde e Serviço Social.

 

PROC. Nº 1149/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 034/89, de autoria do Ver. Ervino Besson, que dá nova redação aos artigos 1º e 2º na Lei Municipal nº 5624, de 18 de setembro de 1985.

 

PROC. Nº 1056/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 029/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina Rua Maurilio Ferreira um logradouro público.

 

PROC. Nº 1076/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que dispõe sobre a inclusão da matéria “dos direitos e garantias fundamentais do cidadão”, art. 5º ao art. 17, da Constituição Federal, como ensino obrigatório na disciplina de Organização Social e Política Brasileira (OSPB), nas escolas municipais de 1º e 2º graus.

 

PROC. Nº 1183/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/89, que autoriza o Executivo Municipal a abrir crédito especial, no valor de NCz$ 194.000,00 e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1077/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Oskar Wolfgang Coester.

 

PROC. Nº 1148/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 004/89, de autoria do Ver. Luiz Braz, que regula o horário de abertura e fechamento do comércio em geral na Cidade de Porto Alegre.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1108/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 032/89, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Rua Maria José de Souza e Cunha um logradouro público.

 

PROC. Nº 1145/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 005/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que concede o título honorífico de Cidadão Emérita à Senhora Ione Pacheco Sirotsky.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereadores inscritos em Pauta. Ver. Dilamar Machado. Desiste. Ver. Artur Zanella. Desiste. Ver. Vieira da Cunha. Desiste. Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em discussão em Pauta, dois Projetos que nos interessam abordar. Um realmente tem, no nosso entendimento, do ponto de vista de mérito uma procedência muito grande que é o Projeto de Lei do Ver. Luiz Machado que dispõe sobre a inclusão de matéria dos direitos e garantias fundamentais do cidadão como ensino obrigatório na disciplina de Organização Social e Política Brasileira, nas escolas municipais de 1º e 2º grau. Em primeiro lugar, Sr. Presidente, a matéria é realmente interessante e oportuna de ponto de vista de mérito. Agora, uma das coisas que está me preocupando e até gostaria de que a Presidência da Comissão de Educação convocasse os professores especializados na área pedagógica da Secretaria Municipal de Educação para que viessem a esta Casa esclarecer o problema da carga horária dos alunos, porque de repente, os alunos vão ter que fazer até 3 turnos. Com o PT acabou com o CIEM, que era escola de 2 turnos, acabou com esse avanço, com essa conquista que a Cidade de Porto Alegre tinha conseguido...Aliás, parece que a Secretária Neuza Canabarro agora foi convidada para ir a Recife assessoras a implantação de CIEMs naquela Cidade. Enquanto a Administração Popular, aqui em Porto Alegre, abandona às traças os Centros Integrados de Educação Municipal, outras cidades buscam informações e subsídios para implantar esses centros. Até mesmo em Israel, pude verificar, quando lá estive recentemente, numa Escola de Estudos Educacionais, que eles tinham conhecimento do assunto dos CIEMs e queriam material e subsídio, o que me comprometi de encaminhar a eles. Vejam V. Exªs a importância do assunto em nível nacional e internacional. Mas, o PT disse que criança até com fome, subnutrido pode aprender, que não tem problema; até parece que aprende melhor, não sei bem as discussões aqui, mas parece que surgiram umas teorias novas. O PT, aqui a pouco, está adotando até o Malthus, as teorias malthusianas da superpopulação e outras que tais. Mas, me preocupa realmente, em relação a esse Projeto do Ver. Luiz Machado, a questão da carga horária dos alunos. O Ver. Cyro Martini também está preocupado em implantar a educação para o Trânsito. Também acho positivo, mas essa questão da carga horária me parece mais importante e esse problema deve ser estudado e este é um assunto para a Comissão avaliar e examinar. Sugiro ao Ver. Luiz Machado sua atenção nesse sentido. Agora, outra questão que me preocupa em relação ao Projeto de Lei do Ver. Luiz Machado, com relação à inclusão da matéria Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão como ensino obrigatório na disciplina de Organização Social e Política Brasileira, é o fato de que existe uma Lei que foi promulgada recentemente pelo Sr. Prefeito Municipal, a Lei nº 6.383, de 1º de fevereiro de 1989, que institui, na rede de ensino municipal de 1º grau, a disciplina Direitos Humanos. Então, eu entendo que o estudo dos direitos humanos e a minha preocupação é de que no momento em que estaríamos aprovando esse Projeto, estaríamos cometendo um bis in idem, na medida em que a questão já foi tratada em lei municipal. E exatamente o sentido da discussão preliminar de Pauta é o amplo debate das idéias e sugestões, bem como o aprimoramento dos projetos que tramitam nesta Casa. A Lei nº 6.383, que institui a disciplina de Direitos Humanos, ela institui na rede de ensino municipal de 1º grau e V. Exª, quando pretende a inclusão do ensino obrigatório dos Direitos e Garantias Fundamentais do cidadão no programa curricular de OSPB, propõe no 1º e 2º graus do Município. Então, quem sabe, V. Exª poderia fazer uma lei que ampliasse para as escolas municipais de 2º grau o estudo da matéria dos Direitos Humanos ou que incluísse no programa curricular de OSPB os Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão. Esta era, basicamente, a nossa proposta com relação ao projeto de V. Exª, que achamos que tem mérito, todavia, hoje, existem duas disciplinas: OSPB e uma outra própria, Direitos Humanos> então, não tem por que não incluir o estudo dos Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão, até porque a lei fala que constituem disciplinares desta matéria Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, Declaração Americana dos direitos e Deveres do Homem, Declaração dos direitos da Criança, aprovada pela ONU, História Geral das conquistas dos Direitos Humanos em todo o mundo. Vejam V. Exªs que é óbvio que o professor que vai ministrar direitos Humanos tenha que referir o que pensa o Brasil sobre a matéria e isso está inserido no âmbito da própria Constituição, em termos de direito positivo.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de perguntar a V. Exª se, no momento, as crianças estão recebendo tudo o que está inserido neste Projeto?

 

O SR. ISAAC AINHORN: A colocação de V. Exª é procedente, até porque o que mais está fazendo esse governo da Administração Popular é ignorar a legislação. O Ver. Antonio Hohlfeldt não cumpre a sua Lei de colocar a relação dos horários dos ônibus dentro desses; o Prefeito não manda o Projeto que possibilita a abertura de um crédito extraordinário. Quer dizer, ele não cumpre a Constituição, não cumpre lei municipal, não cumpre nada. Não mandou até agora o aumento do funcionalismo público municipal, já deveria estar aqui, porque venceu o segundo bimestre e o Prefeito novamente vai viajar. Fica neste vai-não-vai e não resolve os problemas. Ele deveria estar pensando é no aumento dos funcionários públicos municipais. É automático? É (Ri.). É automático, vejam V. Exªs, mas aí é que vem a questão: é automático, mas precisa de um Projeto de Lei, aliás, em matéria de Projeto de Lei, muito poucos têm sido apresentados pela Administração Popular. O quê mais tem feito é fazer viagens.

E, agora, parece que até vão importar técnicos ingleses, desprezando, Ver. João Dib, os nossos técnicos, para despoluir o Guaíba. Já agora estão chamando técnicos ingleses para examinar a questão do Rio Guaíba, enquanto são desprezados os técnicos gaúchos com qualificação profissional para enfrentar esse problema.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, a Mesa, ontem, assumiu um compromisso com o Plenário de alertar os Vereadores quando sair fora da discussão. Nós estamos na pauta discutindo o Proc. nº 1076.

O SR. ISAAC AINHORN: Retorno ao tema.

Exatamente, não cumpre. Sugiro a V. Exª, que tem-se preocupado, que faça um Pedido de Informações para ver se o Prefeito Olívio Dutra se encontra respeitando a Lei nº 6.383/89, que institui na rede de ensino municipal a disciplina Direitos Humanos, até porque foi ele quem promulgou a Lei.

Então, deixo como sugestão a V. Exª esse Pedido de Informações que é muito importante.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não adianta nós fazermos leis, se não é para serem cumpridas. Nós estamos aqui legislando para aprimorar, até mesmo, a nossa Constituição maior do País, para tentarmos fazer que, nas nossas escolas, seja cumprido verdadeiramente o básico, pelo menos, o mínimo básico, para que o cidadão de primeiro grau saia informado dos nossos direitos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: É muito grave, inclusive, essa denúncia que V. Exª está formulando de que ele não está cumprindo a Lei n° 6.386 e é estranho que outros Vereadores, que são tão ciosos em relação a isso, e acredito que toda esta Casa, agora no seu conjunto em relação aos direitos humanos não proteste, se é verdade o fato de não estar incluída a matéria Direitos Humanos.

 

O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. João Dib tem uma frase famosa “temos que procurar nossos direitos, mas também nossos deveres”. Ele é muito modesto e não quer sugerir, então sugiro ao Ver. Luiz Machado, conhecendo como conhece, se houver alteração no Projeto de ´Lei proposto por V. Exª, que inclua também “direitos e deveres da população”, porque se sente que boa parte desta gurizada nova está aí, está bem alertada quanto a seus direitos, mas pouco sabe dos seus deveres como cidadãos. O que é muito importante para formarmos uma Nação autêntica, que vá atingir o futuro de um grande país que nos espera, que tem direitos mas também deveres.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O projeto do Ver. Luiz Machado é perfeito. Não daria para criarmos um outro projeto revitalizando as obrigações do Prefeito?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sugiro a V. Exª que é um bom elaborador de leis que o faça.

No caso, volto a insistir, Vereador, quem sabe uma emenda, uma alteração obrigando o estudo dos direitos humanos no segundo grau resolvesse esse seu problema. É a nossa sugestão de natureza construtiva. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto a respeito dos direitos dos cidadãos e da pessoa humana, por óbvio, é de extrema importância e significação. Ele é tema dos currículos escolares tratados já há algum tempo pelo OSPB, a par de ter por algum tempo sido tratado na Educação Moral e Cívica, fazendo parte do núcleo, sem dúvida, da área de Estudos sociais, tanto no 1º grau, quanto no 2º. Então, vejo o Projeto do Ver. Luiz Machado, assim como também vi o do ex-Vereador Pedro Ruas como Projetos que procuram enfatizar a tese a respeito do ensino dos Direitos Humanos nas escolas, para que a criança, o jovem, no curso de sua formação vá tendo plena clareza a respeito daquilo que é importante, daquilo que é sagrado para o cidadão e para a pessoa. De outra parte, ao mesmo passo em que aprende e toma consciência dos seus direitos, também o toma dos seus deveres, eis que nas primeiras lições de qualquer disciplina no campo de Estudos Sociais ele aprende que, quando termina o seu direito, começa a sua obrigação. E há uma inter-relação estreita entre aquilo que é direito e aquilo que é obrigatório. E é graças a essa noção de que o dever está junto com o direito é que colocações, como a do ex-Vereador Pedro Ruas e do Ver. Luiz Machado é que traz à luz, com clareza, justamente a disciplina dos direitos para cumprir com o dever, a respeito deles. Mas, sem dúvida, eu vejo o Projeto também como uma tentativa de reforçar aquilo que já está há muito tempo prescrito dentro dos currículos escolares e que faz parte do núcleo comum. O currículo se divide em núcleo comum e parte diversificada, tanto num grau, quanto no outro grau de ensino. Esta, com relação à OSPB, faria parte de unidade de ensino do núcleo comum enquanto que a outra, como disciplina específica, faria parte da parte diversificada.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, esse Projeto tem por objetivo, além dos ensinamentos superficiais que são atualmente ministrados, inserir no currículo obrigatório das escolas municipais de 1º e 2º Grau os direitos e garantias fundamentais do cidadão, Artigo 5º ao 17º da Constituição, na disciplina da Organização Social e Política Brasileira. Nós devemos resgatar a dignidade moral tão arranhada do cidadão brasileiro. Por que eu digo isso aí? Porque nós temos que acompanhar a nossa Constituição, mas temos que fazer, na nossa Lei Orgânica com que as coisas sejam cumpridas e temos que fiscalizar.

 

O SR. CYRO MARTINI: É evidente que não é através tão-somente da atividade escolar que nós vamos conseguir com que aqueles direitos que são sagrados, que são importantíssimos para o cidadão, assim como para a pessoa humana, sejam conquistados a partir dela.

 

O Sr. Luiz Machado: Vereador, a maior parte do povo brasileiro não consegue chegar ao 2º Grau. Poucos conseguem à Faculdade no nosso País. É essa a razão do meu Projeto.

 

O SR. CYRO MARTINI: Eu me preocupo em deixar bem claro a respeito do núcleo comum e da parte diversificada, porque eu tenho proposição a respeito e a faço da parte diversificada com relação ao ensino de educação de trânsito. Fora isso, não é tão-somente a partir do ensino na Escola que nós vamos conseguir conferir e reconhecer os direitos relativos ao cidadão e à pessoa. Nós precisamos de uma série de providências, não apenas de ordem ideológico-cultural, mas também de natureza administrativa para que o cidadão veja conquistada, efetivamente, a sua garantia, o seu direito. São assuntos de extrema importância e que eu gostaria de deixar marcado, no seu pronunciamento, o meu reconhecimento pelo esforço do nobre Ver. Luiz Machado e vejo como uma ratificação daquilo que já está inserido dentro do núcleo comum, tanto do 1º Grau, como do 2º Grau. Têm o meu apoio, na qualidade de reforço. Como a outra disciplina, entretanto, integra parte diversificada e, assim, a escola poderá, ou não, aplicá-la. A obrigatoriedade vai até a Lei de Diretrizes e Bases do ensino de 1º e 2º graus. A partir dali é que a escola, a rede de ensino se define com relação ao currículo e a escola vai tornar mais exato este último. Mas um outro aspecto também muito relevante é que, quando pensamos em escola, quando pensamos em estabelecimento de ensino, pensamos naquela maneira de dispor a carga horária, colocando 40 ou 50 minutos um após o outro, numa seqüência de janelas, esquecendo-nos de que a escola pode muito bem desenvolver atividades paralelas àquelas de classe, também com o mesmo objetivo, com a mesma finalidade. Eu vejo que poderíamos, perfeitamente, utilizar, tanto os CIEMs, como os outros estabelecimentos de ensino da rede municipal, não só em sala de aula, mas também fora dela, e com isso temos condições perfeitas também de atender a parte de alimentação da crianças. Há muita gente que se equivoca, pensa que a escola serve apenas para a criança ficar submetida, subjugada, 40, 50 ou 60 minutos, à disciplina de Matemática, Português, etc... Não, há outras práticas que devem ser desenvolvidas nos estabelecimentos escolares e que não são desenvolvidas na clássica sala de aula. Isso aí é algo muito importante e, aliás, sob o ponto de vista metodológico, podemos aprender direitos humanos. Quando eu era diretor de ensino da Escola de Polícia, um professor me disse: então vamos agora aprender a lição: sermos honestos. Evidente que isso não se aprende dizendo. Eu até hoje me recordo que isso marcou-me profundamente, não só por ele ser meu conterrâneo.

Então, isso se aprende na prática, não só dentro da sala de aula. Assim com relação aos direitos humanos. Mas eu agradeço a atenção. Eu reforço a posição. Eu apenas estou antecipando porque eu tenho uma proposição, também com relação à inserção, na parte diversificada, com relação à educação do trânsito. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente eu queria louvar o malabarismo, hábil, do Ver. Isaac Ainhorn que consegue, a partir da discussão do Projeto de Lei do Ver. Luiz Machado, introduzir questões, deturpar inclusive colocações, pois eu pensei que nesta Casa só tinha um especialista neste tipo de técnica de discussão, que era o Dr. Zanella, pegar o todo, confundir a parte com o todo, pegar as firulas, as picuinhas e se desviar da questão central. Mas agora vejo que o Ver. Isaac Ainhorn também é uma autoridade em fazer isso. Eu coloquei aqui que há uma confusão de propósitos, uma insistência em colocar a discussão a nível rasteiro porque em diversas oportunidades fiz questão de salientar aqui, estava discutindo o problema da subnutrição em relação ao ensino. Não falei na questão da fome, que é outra coisa. Trouxe estudos aqui a esta tribuna e, no entanto, o Ver. Isaac Ainhorn e outros insistem em vulgarizar a discussão.

Por isso, a menos que a discussão se coloque no patamar que eu propus, não vou mais discutir esse tipo de coisa da maneira como é proposta. Poder-se-ia pensar que isso é falta de objetividade na discussão, mas depois cheguei à conclusão que isso é uma técnica de discussão usada por alguns Vereadores.

O Projeto do Ver. Luiz Machado entendo que tem um mérito que é o de tentar salientar, tentar reforçar um aspecto que é a educação dos direitos humanos. No entanto, gostaria de colocar que tem um problema nesse Projeto que mereceria um aprofundamento maior, porque a disciplina de OSPB – Organização Social e Política do Brasil, toda ela se embasa exatamente no estudo da Constituição, inclusive há pouco fiz um telefonema ao Conselho Estadual de Educação e me confirmaram, quer dizer, o estudo da Constituição já está presente, é a razão de ser da disciplina OSPB. Entendo o Projeto apenas como um reforço a esse aspecto que já está presente nessa disciplina e, além disso, acho que caberia se analisar a legislação federal e estadual a respeito desse assunto – faz muito tempo que não manuseio com essa legislação, porque ela é bastante rica em determinar conteúdos mínimos para as disciplinas. Não sei se é o caso do OSPB, que é uma disciplina obrigatória.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho admiração, ainda que recente, pelo desempenho e pelo trabalho de V. Exª nesta Casa. V. Exª tem se revelado um bom esgrimista da oratória e da retórica neste Plenário e eu gostaria que V. Exª esclarecesse apenas algumas coisas: em primeiro lugar, qual a posição efetivamente de V. Exª - para concluir este assunto – sobre CIEMs? Segundo: a questão dos subnutridos. Eu quero saber, porque até agora não ficou claro e V. Exª tem a tribuna e os Anais da Casa para deixar isso claro. Terceira questão: quero saber do nobre Ver. José Valdir se o Prefeito Olívio Dutra está cumprindo a Lei Municipal que instituiu na rede de ensino municipal e disciplina de Direitos Humanos, se já está funcionando ou não. Essas três questõezinhas, três esclarecimentos acerca de V. Exª.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: A segunda questão vou verificar, a primeira não vou voltar até porque muitos dos pronunciamentos que eu fiz sobre esse assunto aqui V. Exª não estava no Plenário.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Não quer voltar porque não quer se queimar lá com as suas bases.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Não, já foi por demais abordado esse assunto. Eu me proponho a discutir com V. Exª sobre isso num debate sério, vamos discutir. Me proponho a fazer essa discussão. Agora não vou entrar nessa armadilha de querer que eu repita tudo que eu repeti aqui, para depois V. Exª voltar de novo com a mesma discussão rasteira que propõe, se for um debate sério, um debate no patamar que eu propus, eu me proponho a voltar a discutir o tema. Jamais me esquivo do debate.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Mas é um debate sério.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu me solidarizo inteiramente com a preocupação do Ver. José Valdir na medida em que já uma dezena de vezes veio a tribuna, se referiu, esclareceu o seu ponto de vista sobre isso, e me solidarizo também com S. Exª sobre a preocupação de procurar elevar o nível dos debates na medida em que constantemente as coisas são deturpadas na tribuna, são colocadas coisas nas bocas dos Vereadores que eles não disseram, e nem pensam e nunca disseram e inclusive na imprensa também umas coisas são veiculadas através de canal de televisão, dizendo e fazendo afirmações que o Vereador diz isso e que pensa isso. Então eu aqui quero – eu já manifestei isso antes na tribuna -, ocupando o tempo de liderança, ressaltar que isso implica num comportamento ético por parte de alguns Vereadores. É só nesse sentido que eu me solidarizo inteiramente com a sua preocupação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Obrigado, Ver. Gert Schinke.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª é um Professor, e nada melhor que V. Exª até mesmo por ser um Professor em me dizer o porquê. Antes de eu apresentar esse Projeto, fiz pesquisa na periferia, da qual eu represento pelo menos um segmento da sociedade, e, conversando com os alunos, soube que nenhum recebe essas matérias dos direitos fundamentais do cidadão. Por isso que apresentei este Projeto. Por exemplo, vou fazer mais uma colocação: hoje já existe esse conteúdo? O que procuramos com o Projeto é que esse estudo seja aprofundado, que nossas crianças, nossos jovens saiam da escola com a certeza sobre esta matéria, porque hoje o ensino é pequeno e superficial. Precisamos, isto sim, aperfeiçoar o currículo escolar; o cidadão hoje, a maior parte da população brasileira, os trabalhadores, ficam no 1º grau, e é por isso a nossa preocupação, é para que os direitos fundamentais do cidadão sejam de fato, já que existem, sejam cumpridos – é para reforçar, como V. Exª abordou.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Encerro, Sr. Presidente, colocando ainda a minha insistência que é para          que a gente possa aprofundar esse assunto para ver inclusive a melhor forma como ele deve entrar. Acho que o Ver. Cyro Martini fez sua intervenção mais ou menos nesta linha. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Discussão de Pauta.

Passamos ao período de

 

EXPLICAÇÕES PESSOAIS

 

Primeiro Vereador inscrito é o Ver. Elói Guimarães. Antes porém do Vereador assomar à tribuna, comunicamos que a reunião que iria acontecer no nosso gabinete referente à constituição da Comissão Especial e também da continuidade da Comissão Externa relativa à Constituinte não irá acontecer, ficando então para quarta-feira, conforme decisão daqueles companheiros que lá compareceram. E para a próxima quarta-feira, como decisão também dos presentes, não haverá a Ordem do Dia, permanecendo o Grande Expediente e Comunicações. Não haverá nem Pauta, nem a Ordem do Dia na próxima quarta-feira, e, a partir daí, todas as quartas-feiras haverá a reunião da Comissão Especial para tratar de assuntos referentes à Constituição e também da Comissão Externa. Comunico assim também aos líderes que não compareceram nesta reunião que devem indicar imediatamente os Vereadores que irão fazer parte da Comissão Especial, se assim o desejarem.

Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães. V. Exª tem 10 minutos, Vereador.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos dizer que concordamos com as palavras do Ministro do Exército Gen. Leônidas, quando diz que o atentado ao monumento 9 de Novembro foi feito pela direita. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não sei se o País atravessa uma crise maior das tantas quantas se abateram a partir de 1964. S. Exª, o Ministro, com a responsabilidade que tem, acusa setores da direita, e o faz clara e publicamente. Logo em seguida, acidente ou não – fica a dúvida – uma caldeira da Cia. Siderúrgica Nacional explode. Os jornais, a imprensa, noticiam que há dois operários desaparecidos. A morte do companheiro Juarez, ex-Prefeito de Volta Redonda – tive a honra de conhecê-lo e tivemos a oportunidade, na última reunião do diretório Nacional do PDT, de prestar uma homenagem a seu filho – até hoje não está convincentemente esclarecida. Então, a Nação precisa, pelos seus mais diferentes segmentos, ser chamada à atenção para esse quadro absolutamente delicado que estamos vivendo. Não sei se procedem ou não as declarações do Gen. Newton Cruz mas, de qualquer forma, são muito graves. Se procedentes – vamos deixar bem claro – as declarações de ter aquele militar se vangloriado de uma situação trágica, de um atentado – não um atentado a um monumento – mas de um atentado às instituições. É uma profunda e séria ameaça  à democracia e à liberdade o atentado à bomba que explodiu o Memorial em homenagem aos três operários mortos no conflito de Volta Redonda. Uma situação séria, séria na medida em que o país tenta, pelas forças mais conseqüentes, a democracia, a consolidação absoluta e irremovível da democracia num ano fundamental para a história deste País que é, exatamente, a eleição do futuro Presidente do País, para que o País, a partir da eleição, tenha, pela vontade popular, assegurada a legitimidade de alguém que, escolhido pela Nação, vai estabelecer definitivamente os rumos democráticos do nosso País. É nesse quadro e com essas perspectivas que está-se abatendo esse verdadeiro terror. E vem o Ministro do Exército e declara – não é um zé ninguém que faz uma declaração desta ordem, é o Ministro do Exército – e diz aos jornais , aos meios de comunicação que o atentado veio da direita. E S. Exª, pelo que representa, tem dados, é a declaração de um Ministro de Estado da área da segurança do Exército que diz que vem da direita. O que nos resta como organismo, como representação popular? Começar a exigir, detectada a área da ação terrorista, que se leve às últimas conseqüências este fato, sob pena de não chegarmos a 15 de novembro. Se não for apurado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de onde veio o atentado, talvez não cheguemos ao dia 15 de dezembro que é a esperança alimentada pelo País há 30 anos. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em Explicação Pessoal.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há pouco se discutia aqui o Projeto de autoria do Ver. Luiz Machado, que na hora certa chega à Casa para viabilizar uma opção à Secretaria Municipal da Educação quanto à implantação no currículo de 1º e 2º grau dessa matéria tão importante que é OSPB. Nós temos notado é que – Ver. José Valdir – nada melhor que um dia após o outro. O Ver. Airto Ferronato já andou falando hoje pela manhã, e quando o Ver. Airto Ferronato fala sobre Direito Tributário nós temos que parar para pensar, porque ele é até professor dessa matéria. E disse o Ver. Airto Ferronato, casando perfeitamente com o parecer do Ver. Vicente Dutra, cuja manifestação e Parecer, também recebe um subsídio muito forte de Auditoria, sobre o problema do não-cumprimento de algumas leis, notadamente nesse caso da promulgação do Decreto baixado pelo Prefeito, que violenta legalmente a estrutura Orçamentária do Município.

Eu acho, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, e até devo concordar com alguns equívocos da Administração Popular, são muito justos em início de administração, esse problema de transporte coletivo realmente tem levado da Administração Popular quase toda a sua atenção. Dois pontos que têm levado quase toda a atenção da Administração Popular, um é o transporte coletivo e o outro são as convenções do PT em São Paulo. Então, diante desse grave problema nós ficamos entendendo as angústias que devem estar passando os integrantes da Administração Popular. Agora mesmo o Prefeito se encontra em São Paulo preocupado...

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É só para dizer que não há uma convenção do PT em São Paulo. É uma reunião da direção nacional do partido. A convenção é em Porto Alegre.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Quando falo em convenção vou desde os preparativos até o ato homologatório. E Oxalá não seja o Prefeito Olívio Dutra o Vice do Dep. Lula. Não teria o meu apoio porque as coisas aqui em Porto Alegre ainda estão a exigir da Administração do PT comprovação de competência, então não posso me antecipar a menos que daqui a dois ou três anos de mandato do Prefeito Olívio Dutra, do Vice Tarso Genro, dos seus Secretários, eu posso aceitar o desenvolvimento de suas atividades.

Mas, Sr. Presidente, me preocupa muito é que o Procurador do Município, uma pessoa muito chegada à Casa, profundo conhecedor do ordenamento jurídico do Município, que desempenhou na Casa uma atividade marcante, não tenha tomado o cuidado de dar à Casa um tratamento mais adequado no encaminhamento deste problema. Compareceu, aqui, voluntariamente, é verdade, mas após o Ver. Isaac Ainhorn ter apresentado a Questão de Ordem, após o Ver. Vicente Dutra ter examinado a legislação e dado um parecer. Não bastava que o Procurador chegasse à Casa de mãos vazias para justificar o quê? Era necessário que trouxesse documentos para sanar aquele equívoco, o não cumprimento da legislação. O problema é sério, muito mais sério que se possa imaginar. A partir de que a autoridade infratora reconhece e não resolve o problema, o assunto é sério e está a exigir da Casa uma posição séria. O Prefeito decretou e não comunicou à Casa e isso impossibilitou a que a Casa fizesse a promulgação daquele Decreto. Era isso.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Dilamar Machado, a palavra é de V. Exª.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Wilson Santos logo no início dessa Sessão, referindo-se aos Pedidos de Providência, queixou-se do não-atendimento por parte da Administração, sugerindo, inclusive, que os Vereadores não mais usassem desse expediente Regimental.

Acho que por uma questão de ética e de um bom comportamento político vou contrariar o Ver. Wilson Santos. Pelo contrário, muito poucos foram os Pedidos de Providências que encaminhei ao Executivo e, um deles, casualmente o primeiro, foi prontamente atendido. Pedia providências para a melhoria das condições da Praça Nações Unidas no bairro Petrópolis e a Administração não só mandou limpar a Praça como colocou ali um zelador que permanentemente está mantendo a Praça.

Por isso acho que esse instrumento continua válido, ele é importante até para que possamos fazer da Tribuna o que estou fazendo, agradecer à Administração quando atende ou cobrar da Administração o não-atendimento.

 

O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para registrar que este Vereador tambem solicitou para a mesma Praça Nações Unidas a mesma limpeza e certamente outras pessoas haviam solicitado, então quero também me unir ao seu agradecimento pelo bom atendimento só que estão faltando as luminárias e já faço um apelo a V. Exª para transmitir aos nossos colegas da Frente Popular para colocar iluminação também na Praça Guri, ali na Rua Felipe de Oliveira, onde tem a caixa d’água.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Muito bem. Isso colocado, Sr. Presidente, quero fazer um alerta à Casa.

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Infelizmente não gozo das mesmas boas graças de V. Exª frente a Administração Popular, imagino, fiz vários Pedidos de Providências e só um foi atendido. Então, a partir de agora, se não abusar da paciência de V. Exª, eu pediria a V. Exª que assinasse os meus Pedidos de Providências.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Cidade está sob ameaça muito grave, seriíssima de um colapso total no abastecimento de coisa muito séria. Quero chamar a atenção da nossa Comissão – tenho por hábito não me imiscuir, como Vereador, nos trabalhos das Comissões Permanentes da Casa – de Defesa ao Consumidor, presidida pelo Ver. João Motta que Porto Alegre, a partir de amanhã não terá mais abastecimento de carne. Os supermercados fizeram uma declaração pública que, a partir de segunda-feira, não tem mais carne de gado para vender nas suas lojas em todo o Brasil. Os açougues já comunicaram que não terão mais carne para abastecer a população. Os arrozeiros comunicam que não mais vão entregar o seu produto aos supermercados, armazéns e, conseqüentemente, não teremos mais arroz. O gás está acabando. Não há mais gás na região metropolitana. Já está dando cadeia. Já se comunica que o estoque de álcool não dura mais do que três dias. Estamos sob a ameaça brutal de um colapso total do abastecimento desta Cidade e acho que esta Casa tem que tomar uma posição, uma providência, através de suas Comissões, dos seus Vereadores, chamando aqui os supermercados, sindicatos de açougueiros, sindicato dos panificadores, os arrozeiros, enfim, todos os segmentos.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exª coloca um problema muito sério. A nossa Cidade está enfrentando e vai enfrentar situações muito piores na próxima semana. Ontem, fui procurado por diversos comerciantes da Zona Sul e me convidaram para participar de uma reunião, a nível de Polícia Federal, porque nem eles sabem a quem apelar, a respeito da carne. Não vai mais haver carne na próxima semana para vender, porque o ágio anda solto. Sobe toda a semana, lamentavelmente.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que está ocorrendo não é só na cidade de Porto Alegre, é no Estado e no nosso País. Hoje não dá Ibope defender o Governo Sarney, mas uma coisa tem que ficar bem clara: esta Lei que está sendo encaminhada para ser executada de conter um pouco as greves. Mas não quer dizer, PMDB, não quer dizer que seja Sarney. O Sarney é Presidente do Brizola, é Presidente do Olívio, é Presidente do Lula, é Presidente de todos. Portanto, se a Lei for promulgada, ela deve ser cumprida. Direito a greve, mas não a baderna. Nosso País está virado numa baderna, porque estão dando direito a quem não tem direito. Por isso estão transgredindo a Lei em termos de greve. A greve em serviços essenciais não deveria existir. Agora, vai perguntar a uma dona-de-Casa, se ela for comprar o gás e não tem, quem ela culpa? Ela culpa só ao Governo. Mas quem está atrás disso? Temos que ser claros, não dá ibope defender o Sarney. Nós não temos que defender o Sarney, temos que dizer a verdade. A Lei que está sendo encaminhada para conter as greves tem o meu apoio total. Conter o quê? Conter a baderna. Agora, o direito de greve para aqueles que possam fazer greve e não perturbar o país, perturbar a nossa Cidade.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Ver. Luiz Machado, pelo maior respeito que eu tenho por V. Exª eu diria que o seu aparte não enriqueceu o meu pronunciamento.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de dizer que na Moção que aprovamos em relação ao atentado de Volta Redonda, nós salientávamos exatamente isso, a tática do desabastecimento aliada à tática do terror, quando generaliza numa Nação, provoca o chamamento à ordem. Ora, quem é responsável pela ordem interna do aspecto constitucional? Neste momento, as forças militares podem estar pensando que há falta de ordem no País. E isso deve ser pensado e é muito oportuna a intervenção de V. Exª quando diz que devemos chamar os dirigentes desses setores econômicos para que possamos analisar profundamente por onde vai, pelo menos em Porto Alegre, que é da nossa competência, a visão desses empresários.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Tem razão, Ver. Adroaldo Corrêa, eu acho que na próxima segunda-feira, na Sessão Ordinária desta Casa, nós deveríamos ter aqui, se possível for, através da ação da Presidência ou das Lideranças, ou da nossa Comissão Técnica Permanente, a presença do Presidente do sindicato dos Açougueiros, dos Retalhistas, dos Arrozeiros, quem for responsável pelo abastecimento do gás, quem sabe vamos trazer de novo aqui o Presidente dos garagistas, enfim, essas pessoas que têm ligação direta. Eu acho que o Ver. Adroaldo Corrêa tem razão, descobrir quais as causas desse processo que é perigoso, que pode colocar Porto Alegre, em poucos dias, numa situação dramática, da dona-de-casa não ter mais como cozinhar, não ter mais o que cozinhar! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Artur Zanella. Ausente. Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu chamo a atenção da Casa para um fato inédito: enfim, descobrimos um Vereador de Porto Alegre que defende o Sr. Sarney. Esta Casa aqui tem três representantes do PMDB e um representante do PFL, que, como se sabe, é a coligação que tem a responsabilidade dos destinos deste País, desde que foi eleita a dobradinha Tancredo-Sarney e, por coisas do destino, estamos sendo governados pelo Sr. Sarney há muito tempo. Mas, até este momento, nenhuma voz deste Plenário ousou se manifestar em defesa do Sr. Sarney. E eu, hoje, ouvi e quero parabenizar V. Exª por, enfim, assumir a sua condição de peemedebista e, portanto, co-responsável por este desgoverno nacional. Quero parabenizar V. Exª, Ver. Luiz Machado, apesar de discordar radicalmente de tudo que disse, do conteúdo do seu discurso, principalmente quando se refere a esta lei draconiana, ditatorial, fascista, repressiva, que é a Medida Provisória nº 50, do Sr. Sarney, que estabeleceu verdadeiras excrescências, dentre as quais eu destaco uma, que acho incrível, Vereador. Se V. Exª não leu ainda essa Lei, tem que ler, porque deveria se envergonhar de defender um documentos desses, fascista e se V. Exª defende um documento desses, coloca-se ao lado dessa ideologia, dessa ideologia que nós queremos ver varrida desta Pátria e que nos levou a toda esta situação que estamos vivendo hoje, V. Exª, por acaso já leu o artigo dessa medida provisória que diz que os dirigentes sindicais são co-responsáveis por qualquer ato praticado por algum trabalhador em greve? V. Exª tem que ler o texto. Tem que ler e interpretar corretamente o texto.

Eu quero também me manifestar a respeito do pronunciamento do Ver. João Dib, apesar de não estar presente mais no Plenário, quando disse que seria uma desconsideração desta Casa o fato de só duas lideranças terem comparecido à reunião dos empresários do Bairro Humaitá. E quero dizer que eu fui convidado para um churrasco. O convite que recebi era para um churrasco, inclusive a sede do encontro que seria originalmente na empresa Primorosa foi transferida para uma churrascaria, portanto tinha outros compromissos que julguei muito mais importante do que comparecer a uma confraternização. Apesar do respeito que esta Casa, a Bancada do PDT e tenho certeza todas as outras têm aos senhores empresários do Bairro Humaitá, mas quero justificar a minha ausência pelo fato de pensar, tanto pelo local como pelo assunto, de que se traria de simples confraternização, às quais é claro que todos nós gostamos de participar, mas quando não temos outros compromissos mais importantes. Tinha um compromisso mais importante em que deveria representar a Bancada, que era justamente o ato formal de adesão à campanha de Leonel Bizola de dois Vereadores desta Casa, Ver. Luiz Braz e Edi Morelli, lá compareci, não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas também não quero finalizar sem me referir ao programa Câmara 2 de ontem, ao qual compareceu um senhor cujo primeiro nome se não me engano é Tomé. A legenda dizia que ele era o Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. E chamo a atenção ao Ver. Valdir Fraga, que é Presidente desta Casa, porque a Câmara Municipal de Porto Alegre foi atingida duramente, e no meu ponto de vista, irresponsavelmente, por esse senhor, que disse em alto e bom som à opinião pública do Rio Grande do Sul que aqui nesta Casa havia sido aprovado um Projeto de interesse dos especuladores imobiliários e dos loteadores de Porto Alegre; que nós aqui tínhamos aprovado uma lei que favorecia os interesses imobiliários, quando nós sabemos que lá na vila Juliano Moreira moram trabalhadores, alguns há cinqüenta anos ou mais e que nada tem a ver a aprovação daquele Projeto com qualquer interesse imobiliário desta Cidade. Já fiz um apelo ao Ver. Valdir Fraga, ao Ver. Luiz Braz, autor do Projeto para que comparecesse a esse programa e dissesse as verdadeiras razões que levaram esta Casa por imensa e esmagadora maioria a aprovar esse Projeto de Lei. Inverdades como aquelas não podem ser ditas e da maneira como foram ditas, Ver. Valdir Fraga. Na entrevista, o próprio coordenador do programa, Jornalista Clóvis Duarte, disse que são essas coisas que a Câmara faz, o termo por baixo do pano, e que não quer que a opinião pública tome conhecimento mas que o Câmera Dois estava lá para fazer essas denúncias. Vejam como foi deturpado o assunto e quero solicitar ao Ver. Luiz Braz que compareça ao programa e que coloque a realidade dos fatos.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quero dizer a V. Exª que eu defendo as coisas certas do Governo Sarney e vou dizer mais a V. Exª, o próprio Líder do seu partido, a nível nacional, candidato à Presidência República, Leonel Brizola, ele também é contra as greves do momento, que isso pode trazer o caos a este País.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Talvez seja por isto que V. Exª ainda não tenha se decidido pela candidatura de Leonel Brizola, porque não sabe interpretar o que ele diz. Eu peço que leia com mais atenção as declarações do Gov. Brizola até para que V. Exª possa evoluir e talvez ingressar em nossas fileiras apoiando aquele que é o único homem capaz de tirar o País deste atoleiro. Sou grato, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Referente ao programa que o Ver. Vieira da Cunha acompanhou, a Mesa libera as Lideranças que estão bem a par e ouviram para poderem responder. O Ver. Valdir Fraga não tem tido tempo de acompanhar o Câmera Dois.

Com a palavra, o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por menos observador que qualquer indivíduo seja, percebe que nem sempre as notícias publicadas pela imprensa atingem o fundo das questões. E me parece que se isso é correto afirmar, as declarações do Ministro do Exército Leônidas Gonçalves, proferidas esta semana sobre o atentado de Volta Redonda, não manifestaram, no fundo, a verdadeira posição do Ministro do Exército sobre a crise que vive o País. E por quê? Porque num dia o General Leônidas Gonçalves, Ministro do Exército, afirmou isto: “É um atentado a direita”. Mas acontece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que no dia seguinte ele afirmou: “E a Medida Provisória de número 50 é muito amena para controlar essa onda de grevismo que está instalada no País.” Qual é a essência, qual é o fundo dessa posição conservadora e reacionária do Ministro do Exército, Leônidas Gonçalves? É que o Ministro do Exército não consegue trabalhar, e aliás isto será informado com uma visão ideológica das Forças Armadas no Brasil, o desenvolvimento livre da sociedade brasileira sem a tutela dos militares, sem a tutela das forças armadas, é esse o fundamento do ponto de vista do Ministro do Exército, General Leônidas Gonçalves, portanto, é preciso nós colocarmos, digamos assim, essa discussão no seu devido lugar, portanto, para que não transpareça que há de fato, de um lado, digamos assim, um verdadeiro, uma espécia de identidade política desse pronunciamento, com outra identidade política que se gesta hoje a nível da sociedade civil no País, que é a identidade em defesa da Democracia. E sobre isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria também de reprisar que não se vive neste País meramente uma crise de abastecimento, não se vive neste País meramente uma crise econômica localizada em alguns aspectos da economia do País, se vive no País uma crise estrutural, uma crise de modelo econômico, e aí os militares têm grande responsabilidade por isso, porque instituíram e desenvolveram ao longo de vinte anos um modelo econômico que teve como conseqüência exatamente toda essa implosão sob o ponto de vista econômico, político, inclusive sob o ponto de vista moral e ético na sociedade brasileira hoje. Portanto, há uma raiz para tudo isso. É esse modelo instituído com o golpe militar de 1964, e aí não dá para nós fazermos, digamos assim, uma análise superficial sobre isso. Nós temos que localizar de fato este problema. E por que, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu afirmo isto? É que se nós imaginávamos que a crise que o País atravessa é a crise apenas do governo Sarney, até poderíamos estar corretos. Mas acontece que não é mais apenas a crise de governo, a crise do governo Sarney. Nós vivemos no País a crise do regime, da transição conservadora, da transição tutelada pelos militares e que tenta, sempre que possível, afastar a possibilidade de instituições democráticas, inclusive dos partidos políticos, de serem na realidade os verdadeiros condutores do processo democrático em nosso País. É por isso que dia após dia, se um Ministro do Exército Leônidas Gonçalves der declarações com este teor político, é por que no fundo, repito, as Forças Armadas no Brasil não concebem ainda um processo de independência da sociedade, um processo de democracia verdadeiramente participativa e fundada na livre organização do povo, particularmente dos setores assalariados. Um outro aspecto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, porque que não dá para ver também essa denúncia que foi feita aqui, inclusive findamentada na aprovação de uma Moção em cima dessa violência que aconteceu contra a Profª Ana Augusta Scherer. Não é um fato isolado e não é a violência urbana como alguns Vereadores colocam genericamente aqui. Essa atitude, essa violência, ela deve também ser entendida hoje concretamente como sendo conseqüência desta crise estrutural. Portanto, no meu entendimento, é uma ponte, há uma relação sim entre a violência perpetuada contra essa pessoa, esse indíviduo, com a violência de Volta Redonda, com a violência também mais uma vez aqui colocada contra Chico Mendes, com a violência contra Osmarino e contra todo o tipo de violência que hoje ocorre na sociedade civil, como foi o caso também do episódio “Bateau Mouche”. Portanto, é isso, prezados colegas Vereadores, a discussão sobre violência também deve ser entendida hoje como sendo a discussão sobre a crise de valores, que essa crise estrutural deste modelo, informada por todo o jogo de interesse político está de fato a acarretar este conjunto de conseqüências no campo econômico, no campo político e também no campo moral, que acarreta conseqüetemente todo esse conjunto de atos políticos que vem ocorrendo no País nestes últimos meses. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa uma Emenda ao PLL nº 022/89, de autoria do Ver. Leão de Medeiros.

Solicito ao Sr. Secretário que a apregoe.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)

“Suprima-se da ementa e do ‘caput’ do art. 1º do Projeto de Lei nº 022/89 - Processo nº 865/89, a expressão Soldado PM.

          (a) Leão de Medeiros.”

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 12h35min.)

 

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